Publicado na Terça-Feira, dia 21 de Setembro de 2010, 
em Actualidade no Jornal A União

"A onda de Santa Catarina, na Praia da Vitória, está a ser afectada pelos esgotos a céu aberto, provenientes da Estação de Tratamento de Águas Residuais e de uma empresa de conservas do Parque Industrial da Praia da Vitória, cujo cheiro nauseabundo é detectável a cerca de 150 metros de distância.

O presidente da Associação de Surf da Ilha Terceira, Carlos Leal, questiona o ponto de situação deste problema que o secretário regional do Ambiente e do Mar garantiu solucionar durante o ano de 2010.
 
As eventuais soluções para acabar com a poluição da onda de Santa Catarina, na Praia da Vitória, considerada uma das melhores a nível regional para a prática de bodyboard, e provavelmente a mais famosa dos Açores no país e no mundo, permanecem até à data na incógnita junto das associações de surf. 

Em causa estão dois esgotos a céu aberto, gerados pela Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e por uma empresa de conservas do Parque Industrial da Praia da Vitória, de segunda-feira a sábado, que atribuem à água do mar uma coloração branca esverdeada, com espuma, emitindo um cheio nauseabundo facilmente detectável a cerca de 150 metros de distância, conforme a direcção dos ventos. 

Este problema de carácter ambiental e saúde pública foi já sinalizado pelas entidades governamentais, as quais assumiram a eventual resolução por altura de um evento organizado pela Associação de Surf da Ilha Terceira (ASIT), em colaboração com a União de Surfistas e Bodyboarders dos Açores (USBA), e que trouxe o bodyboarder norte-americano Mike Stewart à ilha Terceira.  

“O Secretário do Ambiente e do Mar garantiu acabar com a poluição que afecta a onda [de Santa Catarina] durante o presente ano. No entanto, desconhecemos o ponto de situação”, recorda o presidente da ASIT, Carlos Leal, em declarações ao nosso jornal, as palavras de Álamo Meneses expressas durante uma sessão de entrega de prémios daquelas modalidades desportivas, que teve lugar na Casa das Tias, concelho da Praia da Vitória, no final do ano transacto. 

Como sugestão a pôr fim à poluição naquele local à beira-mar, o responsável indica a construção de um emissário submarino, supostamente a 200 metros de distância da costa, e/ou a aplicação de formas de tratamento mais avançadas de modo a reduzir a carga poluente.

“O esgoto do Matadouro existe mas está a funcionar correctamente”, aponta como exemplo de uma resolução para o género de problema. 

Carlos Leal alerta para o cheiro nauseabundo que se faz sentir no local, sobretudo da parte da tarde, altura do dia em que as descargas são mais intensas, o que, no seu entender, compromete, inclusive, o turismo.

“É uma recepção à terceiro mundo”, considera ao referir-se a turistas e visitantes que embarcam e desembarcam no porto da Praia da Vitória nos barcos inter-ilhas.

Em suma, diz, as dúvidas da ASIT estendem-se em relação às análises da qualidade da água do mar em Santa Catarina. Se foram existem ou não e, em caso afirmativo, onde estão os eventuais resultados.


Edifício-sede precisa-se

A ASIT está a reunir esforço para a aquisição de um edifício-sede de modo a preencher as necessidades da colectividade.

“Falta-nos um espaço físico para avançar com a Escolinha de Surf”, destaca o presidente. 

Carlos Leal pretende assim levar a cabo um conjunto de workshops, sessões de esclarecimento e aulas sobre a modalidade orientados para as camadas mais jovens da população e, igualmente, para todos os interessados.  

Já sobre o material e equipamento, o dirigente associativo revela que foi possível obter o financiamento através do Fundo de Coesão Rural da Praia da Vitória, e, por isso, reforça a intenção de o grupo de surfistas e bodyboarders querer adquirir uma infra-estrutura localizada na zona da Avenida Marginal da Praia da Vitória, para guardar essas ferramentas de trabalho. 

Com um ano de existência, a ASIT congrega actualmente cerca de 40 associados que se dedicam a promover as modalidades a nível local e regional, com participação activa em provas de competição, sendo que a próxima – 2ª Taça Açores – está marcada para os dias 25 e 26 de Setembro, na Praia de Santa Bárbara, concelho da Ribeira Grande.; e em acções de limpeza de praia, como a que terá lugar nas Contendas, Vila de São Sebastião, no dia 25 do mesmo mês, em parceria com a Gê-Questa, seguindo-se a realização de um mini-workshop de surf."

Texto de Sónia Bettencourt
Retirado na íntegra do Jornal A União